por Liliane Scarpin » Qui Jun 09, 2011 02:42
O propósito da persuasão é convencer, legitimar, justificar, explicar, definir, anunciar, tranquilizar, definindo a realidade de acordo com certas percepções, crenças e interesses, para exercer alguma influência sobre outras pessoas (HALLIDAY in MATOS, 1994, p.91).
No objeto de nossa investigação o enunciador apresenta-se como personagem principal de uma história que vai acontecer, para isso apresenta todos os coadjuvantes e os lugares (espaço) onde se realizará sua história, como se tudo existisse em função dela.
Nesse fragmento a personagem apresenta-se em estado pleno de euforia sem que haja nada para desfazer seus planos.
A personagem através do seu discurso busca estabelecer um contrato de confiança e persuadir os espectadores, pois fala diretamente com eles através das câmeras.
[...] na persuasão que procura provocar o fazer do outro, o fazer persuasivo inscreve seus programas modais no quadro das estruturas da manipulação. [...]a persuasão manipuladora só pode montar seus procedimentos e seus simulacros como estruturas de manifestação, destinadas a afetar o enunciatário no seu ser, isto é, na sua imanência. (GREIMAS; COURTÉS, 2008,p. 368)
A manipulação do enunciador realiza-se pelo fazer persuasivo, enquanto ao enunciatário cabe o fazer interpretativo, ou seja, atender aos apelos do enunciador.
Tanto o processo de persuasão de enunciador, quanto de interpretação do enunciatário, se realiza interdiscursivamente. É no nível das estruturas discursivas que as relações argumentativas entre enunciador e enunciatário se revelam. Nesse caso, a exibição do filme organiza-se sobre o esquema de manipulação de Greimas que considera também a cena comunicativa e com isso se distingue a manipulação do ponto de vista do enunciador e do enunciatário.
A manipulação por persuasão é utilizada através dos personagens da história, o enunciador-manipulador consegue aproximar-se dos enunciatários utilizando sua retórica e agindo como se tivesse os mesmos problemas e desejos de toda pessoa comum, afinal toda pessoa comum gostaria que sua vida fosse um filme.
Para que o enunciatário seja convencido ou persuadido é necessário acreditar que:
a) o enunciador- manipulador pode dirigir-se ao enunciatário como se fosse alguém próximo, pois fala como uma pessoa comum, como se cada um pudesse dirigir sua vida da mesma maneira que se escreve uma história “...a vida é uma história que a gente escreve...”;
b) o enunciador-manipulador quer ser aceito como um amigo íntimo do enunciatário “...a vida que a gente vive é um filme...”;
c) o fazer persuasivo do enunciador segue-se ao fazer imperativo do destinatário que pode reconhecer como seus os valores empregados na manipulação e acreditar ou não na sinceridade do enunciador.
Ao constatarmos tais fatos, entendemos que é a decisão do enunciador que o faz querer manipular e é a execução que faz dele, efetivamente, um manipulador. Condicionado pelo fazer imperativo, ao simulacro de verdade construído pelo enunciador, deve passar pela decisão do enunciatário em aceitar ou recusar a manipulação para então agir ou não conforme a vontade do manipulador.